Easy ISI: programação aborda conceitos básicos sobre biotecnologia
O Easy ISI aconteceu nesta terça-feira, 07 de maio. Foram realizadas aulas online e presenciais no Auditório do Centro Administrativo Vinicius Fonseca, de Bio-Manguinhos/Fiocruz. O evento é uma série de minicursos com conceitos básicos sobre biotecnologia que estimulam estudantes a se interessar pela área e atualizam profissionais já atuantes. É também uma prévia do ISI, o 8th International Symposium on Immunobiologicals, que acontece na Fundação Getúlio Vargas de 8 a 10 de maio.
No minicurso “Digital Transformation in the Biopharmaceutical Industry” foram apresentados oportunidades e desafios trazidos pelos processos de transformação digital em curso nas principais indústrias biofarmacêuticas. O coordenador de Tecnologia do Programa Novos Campi, Fernando Serva, e Isabella Maluf, da mesma equipe, apresentaram os avanços da transformação digital que vem acontecendo em Bio-Manguinhos, na construção do Complexo Industrial de Biotecnologia em Saúde (CIBS). “Estamos criando simulações virtuais da planta industrial, que nos mostram como serão os processos produtivos, o funcionamento dos equipamentos e a interação máquina/homem. Isso nos ajudará a prever gargalos, falhas e riscos, além de capacitar profissionais posteriormente”, explicou Serva.
Bio-Manguinhos, em parceria com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e consultoria técnica da Deloitte, vem utilizando tecnologias/ferramentas como inteligência artificial, robótica, gêmeos digitais (digital twin) e realidades aumentada/virtual, dentre outras no setor, com a ajuda da Siemens. Essas ferramentas vêm inovando as áreas de desenvolvimento tecnológico, passando pela produção, qualidade e gestão. O diretor da Unidade de Difusão de Tecnologias da ABDI, Bruno Jorge Soares, comentou que Bio-Manguinhos é pioneiro no Brasil na aplicação dessas tecnologias na indústria farmacêutica: “As experiências adquiridas na prática na Fiocruz serão compartilhadas com outras empresas do ramo. A Metaindústria é formada por mais de 200 projetos pilotos, e a Fiocruz foi escolhida para ser um modelo para acelerar a transformação digital no país, tornando-se referência”.
No segundo minicurso do dia, “Artificial Intelligence and diagnostic tools: Challenges for application in the Unified Health System”, Jeronimo Ruiz, pesquisador da Fiocruz Minas, abordou o aprendizado de máquinas e Internet das Coisas, além do conceito de saúde digital, aplicados ao diagnóstico no campo da bioengenharia para dispositivos médicos e órgãos. A partir do contexto histórico do tema, a aula contemplou os desafios que o SUS enfrenta na implementação de ferramentas e os avanços já conquistados. O médico João Bosco Oliveira, membro Sociedade Brasileira de Patologia Clínica / Medicina Laboratorial, tratou dos avanços utilizando as Ciências Ômicas, sua importância para diagnóstico e perspectiva de ampliação do uso. Carlos Eduardo Gouvea, da Câmara Brasileira de Diagnóstico Laboratorial, falou sobre tecnologia diagnóstica e saúde digital – transformação digital, incluindo a chamada Saúde 4.0 e, indo além, 5.0. A farmacêutica Josely Chiarella trouxe a diversidade de algoritmos aplicada à saúde.
Terapias avançadas e adjuvantes
No Easy ISI “Exploring Advanced Therapies: From conception to clinical practice”, foi discutida a necessidade urgente de compreender as bases tecnológicas de produtos de terapias avançadas (PTA) no Brasil, que estão revolucionando a medicina. Foi mostrado um panorama abrangente sobre os PTAs, desde sua concepção até a aplicação clínica, enquanto discute os desafios enfrentados para sua disponibilização à população. Renata Parca, especialista em Regulação e Vigilância Sanitária da Anvisa, apresentou os marcos regulatórios que regem essas terapias, que são amplas. “Tivemos um projeto piloto para cooperação no desenvolvimento de produtos de terapia avançada de interesse do SUS, uma parceria entre Fiocruz e Instituto Butantan. Iniciamos, ano passado, o ensaio clínico com células CAR-T anti-CD19 para tratar leucemia linfoide aguda B e o linfoma não Hodgkin B”, contou.
A apresentação de Aline Almeida, especialista da Assessoria de Inteligência Competitiva, explorou o cenário global de PTAs, incluindo custos, tendências e pipelines de desenvolvimento. “Muitos produtos começam a ser estudados e poucos chegam a ser aprovados. A esmagadora maioria deles é para tratamento de câncer. O tratamento para cada paciente gira em torno de US$ 5 milhões”, destacou. Martin Bonamino, coordenador do MartinLab, vinculado ao Inca e à Fiocruz, apresentou casos de PTAs de classe I e classe II, como terapia celular MSC, terapia genética AAV e terapia celular/genética CAR-T. Um painel de discussão sobre o “Desafio da Incorporação das Terapias Avançadas no Sistema de Saúde” encerrou o curso, explorando questões críticas e possíveis soluções relacionadas à adoção e implementação das terapias avançadas no contexto de saúde pública.
Fechando a programação, o minicurso “Adjuvants for human use and their different applications” trouxe Ana Carolina Cajaraville, biotecnologista do Laboratório de Tecnologia Virológica de Bio-Manguinhos, abordando contextualização, histórico e tendências no desenvolvimento dos adjuvantes, que desempenham um papel crucial na eficácia das vacinas. Também contribuíram para a aula Dennis Christensen, cientista da Croda Pharma, parceira do Instituto, que citou a preocupação com a disponibilidade de acesso para diferentes países no mundo e o alto investimento que requer avaliação minuciosa para o desenvolvimento adequado ao público; e Paulo Lee Ho, pesquisador do Instituto Butantan, que apresentou o Estudo de Caso: Desenvolvimento do adjuvante IB160 para uso em situação de pandemia. “Nosso sonho é fazer uma revolução. O Programa Nacional de Imunizações foi uma revolução e hoje é uma tradição. Foi uma das ações mais revolucionárias que o país fez”, afirmou.
Texto: Gabriella Ponte e Maria Carolina Avellar
Imagem: Gabriella Ponte