Inovação em saúde promove autonomia e ampliação do acesso
O segundo dia do 8th International Symposium on Immunobiologicals foi marcado por apresentações sobre a importância da inovação em saúde para a conquista de autonomia e ampliação do acesso. No Innovation Hub “Foundations for translational research and partnerships to accelerate the technological development of biologic products”, Leda Castilho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, abordou a produção de insumos estartégicos como o Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) e o investimento da instituição em projetos como a planta piloto para produção de vacinas in loco.
Representando o Laboratório Nacional de Biociências, Sandra Dias foi a palestrante de “Brazilian National Center for Research in Energy and Materials (CNPEM): cutting-edge Science to tackle Global Health Challenges”. “Apresentamos com orgulho o laboratório Sirius, um dos mais potentes do mundo; e o projeto do Orion, que proporcionará desenvolvimento de estratégias epidemiológicas para servir ao sistema púbico de saúde”, descreveu. Laboratórios especializados, inteligência artificial a serviço do desenvolvimento de imunobiológicos e pipelines de engenharia genética também foram pauta. Em “Prototype plant”, o vice-diretor de Inovação de Bio-Manguinhos, Ricardo de Godoi, apresentou a Fiocruz e o Instituto. “Estamos avançando em novas fronteiras das terapias avançadas. Em inovação, são quatro eixos principais: prestação de serviços tecnológicos, otimização de processos, transferência de tecnologia e área médica, desde a avaliação de projetos com o olhar da relevância de novos produtos e visão de ponta a ponta”, relatou.
A palestra “Infrastructure to accelerate Innovation in vacines”, de Raches Ella, da Bharat Biotec, frisou o desenvolvimento em tempo recorde da vacina para covid-19 e a perspectiva comercial dos desafios enfrentados por laboratórios em busca de inovações que atendam às demandas, como o objetivo de reduzir custos para o Sistema Único de Saúde (SUS), ampliando o acesso da população a produtos e serviços. No bloco “Immunobiological development – how to overcome the valley of death: strategies and technologies”, um dos assuntos foi o “vale da morte”, a perda de projetos com potencial devido à falta de incentivos. Em “Next-generation virus production: from clone, to AMBR, to perfusion and very high virus yield”, Yvonne Genzel, do Max-Planck-Institute, abordou parcerias para pesquisas com biorreatores e otimização de processos com perfusão e uso de membrana para filtração. “Essas tecnologias estão gerando um mar de oportunidades. Percebi que estão muito bem preparados no Brasil para fazer a iniciativa acontecer de fato”, afirmou, agradecendo a cooperação.
“Vaccines for a safer world – the pitfalls in the development of vaccines for neglected diseases”, a palestra de Hayato Urabe, do Global Health Innovative Technology Fund, mostrou a atuação japonesa, associando esforços públicos e privados, como o trabalho com Bio-Manguinhos, conectando projetos e evitando o “vale da morte” regulatório e de financiamento. Em “Managing innovation in human health biotechnology startups in Brazil: Evidence and lessons learned”, Paulo Figueiredo, da Fundação Getúlio Vargas, apresentou estudo com 18 startups que geram caminhos para o desenvolvimento tecnológico, com resultados em patentes e reproduções, parcerias e comercialização.
O Satellite symposium – Promega teve apresentações de Juliano Alves, da Promega; e de Lionel Navarro, do Institut de Biologie de l’École Normale Supérieure. No painel “Accelerated biotech development – key points that have led Korea and China to become global biomanufacturing hubs, and what lessons can be useful for the Brazilian national system for ST&I”, Gustavo Mendes, do Butantan, enfatizou a potência oriental em biotecnologia, em pleno aprimoramento. Christiane Gerke, do International Vaccine Institute, apresentou o panorama mundial de produção de vacinas em um cenário detalhado. George Fu Gao, da Chinese Academy of Sciences, foi o palestrante de “China approach study case”, abordando o sistema chinês de bioeconomia, biotecnologia e bioindústria, incluindo um desenvolvimento econômico sustentável, meio ambiente e a cooperação com farmacêuticas para desenvolvimento de vacinas inativadas.
Estratégias entre a academia e instituições
O painel “Advanced therapy in Public Health Unified System (SUS) – technologies and access” avançou sobre o campo da terapia genética e teve a presença de Antonio Carvalho, da Fiocruz, abordando parcerias como a de terapia com células CAR-T com a Caring Cross. James Wilson, da University of Pennsylvania, na palestra “AAV – based vectors as a platform for treating diseases”, afirmou: “Estamos entusiasmados para trabalhar com a Fiocruz para diminuir o sofrimento de pacientes com doenças raras”. Em seguida, Boro Dropulic, da Caring Cross, apresentou “Lentiviral vector-based solutions to treat human diseases”, com produtos inovadores como terapias de células CAR-T e células-tronco. “Estamos trabalhando na transferência de tecnologia para o Brasil e toda a América Latina, com Bio-Manguinhos como centro de referência. A transferência foi iniciada com a produção de células CAR-T. Temos muita experiência e queremos compartilhar, curando o maior número de pacientes possível. Não podemos fazer isso sozinhos. Muitas instituições e pessoas são necessárias”, esclareceu.
Martín Bonamino, do INCa e da Fiocruz, trouxe o tema “Gene therapy- based approaches to treat patients in SUS”, o desafio da busca por tratar o maior número de pessoas com o melhor custo possível. “Mais de 30 mil pacientes estão sendo tratados com a tecnologia no mundo, de forma segura e acessível, que pode gerar uma “miríade de produtos”, com diversidade de apresentações, formas de uso e combinações. Vamos desenvolver novos tratamentos que podemos oferecer à população brasileira. Temos soluções e estamos trabalhando para tornar acessíveis”, concluiu.
Texto: Maria Carolina Avellar
Imagem: Gabriella Paredes